domingo, 22 de abril de 2012

O que são probióticos?

                     Os probióticos são definidos como micro-organismos vivos que, quando consumidos regularmente e em quantidades suficientes, conferem efeitos benéficos à saúde do hospedeiro, promovendo um balanço positivo com a população microbiana autócrina do trato grastrintestinal1,2.
                Os principais microrganismos utilizados como probióticos são lactobacilos e bifidobacterias. Além desses, existem outros gêneros também empregados como probióticos: Escherichia, Enterococcus, Bacillus e Saccharomyces2,3.
                Várias evidências demonstram que a ação dos probióticos não se limita à atividade intestinal. Além de estarem relacionados ao alívio da doença inflamatória intestinal, do cólon irritável, da doença de Chron, das alergias, de diarreias (como de rotavirus e relacionadas ao uso de antibióticos), de apresentarem atuação anticancerígena (especialmente cólon e reto). Há outros mecanismos relacionados aos probióticos: reduzem bactérias nocivas diminuindo infecções do trato urinário e vaginal; melhoram a absorção de minerais; promovem a diminuição da incidência da cárie dental, a diminuição do colesterol sérico; modulam a função imunológica; aliviam infecções causadas por Helicobacter pylori e diminuem a incidência de cálculos renais 2,3,4.  
                A utilização de bifidobactéria e de lactobacilo é sugerida como estratégia terapêutica em casos de diarreia, por excluir as bactérias patogênicas na competição pelos sítios de ligação na mucosa intestinal e na disponibilidade de substratos. Esses probióticos favorecem a manutenção de um balanço saudável da microbiota intestinal, por produzir compostos orgânicos decorrentes da atividade fermentativa, que aumentam a acidez do intestino, inibindo assim a multiplicação de bactérias patogênicas. Produzem substâncias denominadas bacteriocinas, proteínas metabolicamente ativas, que ajudam na destruição de micro-organismos indesejáveis5,6.
                As bifidobactérias e os lactobacilos auxiliam no alívio da intolerância à lactose e melhoram a absorção de cálcio, sintetizam niacina, ácido fólico vitamina B6 e biotina7.
                O uso de probióticos em casos de encefalopatia ou insuficiência hepática está sendo estudado. Sugere-se que os lactobacilos probióticos produtores de CO2 sejam a escolha para o tratamento de encefalopatia hepática. Eles possuem inúmeros mecanismos de ação, capazes de interromper a patogenia da encefalopatia8.
                Em transplantados de fígado os probióticos podem ser muito úteis. Uma composição simbiótica em uma alimentação enteral, composta por uma bactéria de ácido láctico e uma fibra, reduz enormemente a incidência de infecções bacterianas pós-operatórias8.
                O mecanismo de ação hipolipemiante dos probióticos, apesar de não ser completamente conhecido, envolve: assimilação do colesterol pelas bactérias; incorporação do colesterol à parede celular das células bacterianas; desconjugação enzimática dos sais biliares, e alteração do metabolismo lipídico pela atuação dos ácidos graxos de cadeia curta9,10,11.
           A boa saúde do intestino reflete o metabolismo de outros órgãos, devido a sua associação direta com todo sistema imunológico. O trato gastrointestinal pode ser o local de início de vários processos imunológicos e inflamatórios. Potencialmente, os probióticos podem determinar efeitos sistêmicos, quer em termos de favorecimento da produção de anticorpos, quer na estimulação das funções fagocitárias12.
                Pare ser considerado probióticos, cada cepa de bactéria deve estar em concentração 108-10 por dia2. Uma associação entre lactobacilos e bífidos é a opção de melhor probióticos13. A influência dos probióticos limita-se, em geral, ao período em que são ingeridos pelos indivíduos. Assim, para que esses indivíduos mantenham a mudança desejada em sua microbiota intestinal, deverão consumir constantemente esses micro-organismos14.

Micro-organismos probióticos
Principais efeitos





Lactobacilos
Estimularam o aumento da regulação de genes em células
  caliciformes da mucosa intestinal
É associado a uma redução na duração e na gravidade da diarreia
▪ Podem reduzir a presença de bactérias nocivas no intestino
▪ Podem prevenir infecções urinárias por Escherichia coli
▪ Reduzem a atividade da Helicobacter pylori (úlceras pépticas)
Redução dos sintomas da má absorção da lactose
Redução dos níveis de colesterol
Provocam efeitos inibitórios sobre tumores
▪ Em casos de constipação, aumenta a frequência evacuatória
São estimulantes do sistema imunológico, pela produção de
  anticorpos
▪ Eficiente contra diarreia provocada por rotavirus, pois torna o
  meio desfavorável aos patógenos
Eficiente contra diarreia associada a antibióticos
Abrandam os sintomas da doença de Crohn
Diminuem o risco de alguns tipos de câncer pela redução dos
  teores de pró-carcinógenos
Diminuem o teor de colesterol




Bifidobactérias
Estabilização da mucosa intestinal
Modulação de resposta imune
▪ Modulação da microbiota intestinal
▪ Prevenção da diarreia do viajante
▪ Tratamento de diarreia viral (incluindo rotavirus)
▪ Diminuição de endocardite necrotizante em neonatos (associada
  a Lactobacillus acidophilus)
▪ Alívio dos sintomas de dermatite atópica em crianças
▪ Alívio de sintomas alérgicos em adultos
Controle do trânsito do trato gastrointestinal
▪ Atividade antibacteriana e anticarcinogênica
Produção dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que,
  constituem a principal fonte energética da célula epitelial colônica
Diminuição dos níveis séricos de amônia pela fermentação de
  proteínas



COMO PRESCREVER15:
1. Listar os probióticos que devem compor a formulação na quantidade para 1 dose. Os probióticos devem ser prescritos na unidade UFC (Unidade Formadora de Colônia), porque, quando são pesados em gramas, pode variar a quantidade de probióticos eficazes.
2. Indicar a quantidade de doses a serem manipuladas. Ex.: 30 doses.
3. Anotar alguma observação. Ex.: q.s.p. = FOS. Deve-se usar como q.s.p. o FOS (frutooligossacarídeo) ou goma acácia para funcionar como protetor de bactérias na passagem do estômago. Se quiser um produto simbiótico, ou seja, que forneça prebióticos além do probióticos, acrescentar FOS como matéria prima e definir a quantidade.

Posologia: Ex.: 1 dose, 1x ao dia

Exemplo de prescrição de probióticos:

Suplemento alimentar probiótico
Lactobacillus casei
1x106 UFC
Lactobacillus rhamnosus
1x108 UFC
Lactobacillus acidophilus
1x109 UFC
q.s.p.: FOS


Total: 30 doses
Posologia: Tomar 1 dose (cápsula)  1x ao dia (pela manhã em jejum) durante 30 dias. Não tomar próximo de líquidos quentes.




Referências bibliográficas
1. Joint FAO/WHO Working Group Report on Drafting Guidelines for the Evaluation of Probiotics in Food. London, Ontario, Canada, April 30 and May 1, 2002.
2. REID, G.; SANDERS, M.E.; GASKINS, H.R. et al. New Scientific Paradigms for Probiotics and Prebiotics. J Clin Gastroenterol; 37(2): 105-118, 2003.
3. HOLZAPFEL, W.H.; HABERER, P.; GEISEN, R. et al. Taxonomy and importante features of probiotics microorganisms in food and nutrition. Am J Clin Nutr; 73 (Suppl): 365S-373S, 2001.
4. SLEATOR, R.D.; HILL, C. New frontiers in probiotic  research. Lett Appl Microbiol; 46 (2): 143-7, 2008.
5. FOOKS, L.J.; GIBSON, G.R. Probiotics as modulators of the gut flora. Br J Nutr ; 88:S39-S49, 2002.
6. DORON, S.; GORBACH, S.L. Probiotics: their role in the treatment and prevention of disease. Expert Ver Anti Infect Ther; 4:261, 2006.
7. LIN, D.C. Probiotics as functional food. Nutr Clin Pract; 18:497, 2003.
8. ESCOTT-STUMP, S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. 6ª ed. Barueri, SP: Manole, 2011.
9. PEREIRA, D. I. A.; GIBSON, G. R. Cholesterol assimilation by lactic acid bacteria and bifi dobacteria
isolated from the human gut. Appl. Environ. Microbiol; 68(9): 4689-4693, 2002.
10. STROMPFOVÁ, V. et al. Enterococcus faecium EK13–an enterocin A-producing strain with probiotic character and its effect in piglets. Anaerobe; 12: 242-248, 2006.
11. ZHAO, J.R.; YANG, H. Progress in the effect of probiotics on cholesterol and its mechanism. Wei.
Sheng. Wu. Xue. Bao;  45(2): 315-319, 2005.
12. 9. PASCHOAL, V.; NAVES, A.; FONSECA, A.B.B.L. Nutrição clínica funcional: dos princípios à pratica clínica. São Paulo: VP Editora Ltda, 2007.
13. OOZEER,R.; GOUPIL-FEUILLERAT, N.; ALPERT, C.A. et al. Lactobacillus casei is able to survive and initiate protein synthesis during its transit in the digestive tract of human flora-associated mice. Appl Environ Microbiol; 68(7): 3570, 2002.
14. Chen CC, Walker WA. Probiotics and prebiotics: role in clinical disease states. Adv Pediatr; 52:77-113, 2005.
15. PASCOAL, V.; MARQUES, N.; BRIMBERG, P. et al. Suplementação Funcional Magistral: dos nutrientes aos compostos bioativos. São Paulo: VP Editora Ltda., 2008.

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